Por Andrew Hayley
PEQUIM (Reuters) – O primeiro-ministro da Rússia assinou um conjunto de acordos com a China nesta quarta-feira durante viagem a Pequim, dizendo que os laços bilaterais estão em um nível sem precedentes, apesar da desaprovação do Ocidente sobre a relação entre os dois países conforme a guerra na Ucrânia se arrasta.
O primeiro-ministro Mikhail Mishustin –a autoridade russa de mais alto escalão a visitar Pequim desde que Moscou enviou milhares de suas tropas à Ucrânia em fevereiro de 2022– conversou com o premiê chinês Li Qiang e deve se encontrar com o presidente Xi Jinping.
Com a guerra na Ucrânia em seu segundo ano e a Rússia sentindo cada vez mais o peso das sanções ocidentais, Moscou está se apoiando em Pequim, muito mais do que a China na Rússia, alimentando-se da demanda chinesa por petróleo e gás.
A pressão do Ocidente não deu sinais de diminuir, com as declarações do Grupo dos Sete no fim de semana destacando os dois países em uma infinidade de questões, incluindo a Ucrânia.
‘Hoje, as relações entre a Rússia e a China estão em um nível sem precedentes’, disse Mishustin a Li em sua reunião.
‘Elas são caracterizadas pelo respeito mútuo pelos interesses um do outro, pelo desejo de responder conjuntamente aos desafios, que está associado ao aumento da turbulência na arena internacional e à pressão de sanções ilegítimas do Ocidente coletivo’, disse ele.
‘Como dizem nossos amigos chineses, a união torna possível mover montanhas.’
Os memorandos de entendimento assinados incluem um acordo para aprofundar a cooperação em investimentos em serviços comerciais, um pacto sobre exportação de produtos agrícolas para a China e outro sobre cooperação esportiva.
As remessas de energia da Rússia para a China devem aumentar 40% este ano, e os dois países estão discutindo o fornecimento de equipamentos tecnológicos para a Rússia, informou a agência de notícias Interfax.
“Com as sanções contra a Rússia oferecendo novas oportunidades para a China, não é de surpreender que a China fique feliz em se envolver ativamente, se não proativamente, com a Rússia de forma econômica, desde que quaisquer relações que estabeleçam não acionem sanções secundárias contra a China”, disse Steve Tsang, diretor da Escola de Estudos Orientais e Africanos do China Institute, em Londres.
‘A política da China em relação à guerra na Ucrânia é de ‘declarar neutralidade, apoiar Putin e não pagar nenhum preço’, e a visita a reafirma, particularmente o elemento de apoio a Putin’, disse Tsang.
(Reportagem adicional de Ryan Woo, Lidia Kelly, Ethan Wang e John Geddie)