Por Tatiana Bautzer
NOVA YORK (Reuters) – O UBS iniciou uma campanha de recrutamento nos Estados Unidos para gestores de patrimônio que atendem a norte-americanos ricos, mesmo considerando a possibilidade de cortar 30% de sua força de trabalho global combinada após a aquisição do Credit Suisse.
O UBS recrutou 50 consultores financeiros, incluindo da unidade Merrill Lynch do Bank of America, do recém-adquirido First Republic Bank do JPMorgan Chase, do Citigroup e do Wells Fargo, no primeiro semestre do ano. Deste todal, 30 vieram depois que o acordo com o Credit Suisse foi anunciado em março. O maior contingente era do BG Group, uma equipe de 13 pessoas que fazia a gestão de 2,5 bilhões de dólares na Merrill.
Com o acordo com o Credit Suisse, o UBS se tornou o segundo maior gestor de patrimônio do mundo. Embora tenha uma posição de liderança na Europa e na Ásia, é apenas o quarto maior no segmento nos Estados Unidos, onde o negócio de gerir as finanças dos ultrarricos é dominado por bancos norte-americanos.
‘Os Estados Unidos são o maior mercado de ‘wealth’ (fortuna) globalmente e, nos últimos anos, houve um crescimento sem precedentes’, disse à Reuters Iqbal Khan, presidente global de wealth management do UBS. ‘Investir e construir nossos negócios aqui é uma prioridade’, disse Khan, que atua no conselho executivo do banco.
Ressaltando a importância do negócio, Khan se reuniu com clientes de patrimônio elevado no sul da Califórnia em 12 de junho, dia em que o UBS fechou seu acordo histórico com o Credit Suisse. Ele também liderou um evento interno com seus consultores financeiros de melhor desempenho.
Nos EUA, a aquisição não mudou os negócios de wealth do UBS, porque o Credit Suisse havia saído do private banking norte-americano em 2015 e transferido cerca de 275 consultores financeiros para o Wells Fargo.
O número de consultores de private wealth do UBS nos Estados Unidos que atendem a clientes de patrimônio ultraelevado aumentou mais de 25% nos últimos três anos. O banco tinha 6.147 consultores na região das Américas no final de março, mas se recusou a especificar quantos deles estavam baseados nos EUA.
Os bancos globais estão investindo mais em negócios de wealth que trazem taxas estáveis, fornecendo um contrapeso para operações voláteis, como bancos de investimento e trading. A maioria está se concentrando em clientes de patrimônio ultraelevado, o grupo de crescimento mais rápido.
Espera-se que esse grupo de pessoas com mais de 30 milhões de dólares em ativos para investimento cresça 10% nos próximos cinco anos, à medida que acumulam mais riqueza, disse John Mathews, diretor de gestão de private wealth do UBS nas Américas.
‘Temos nos concentrado em atrair e reter consultores qualificados para atender a essa população’, disse.
O número de milionários em todo o mundo com patrimônio líquido acima de 50 milhões de dólares cresceu mais de 50% entre 2019 e 2021, chegando a 264.200, segundo relatório do Credit Suisse publicado no ano passado. Mais da metade deles mora nos Estados Unidos.
Riqueza é fundamental para os resultados do UBS. Espera-se que o banco obtenha 63% de seus lucros com wealth management em quatro anos, de acordo com o analista da Morningstar, Johann Scholtz.
Para fortalecer sua posição nos Estados Unidos, o UBS está focado na transferência de riqueza entre os baby boomers para seus herdeiros nos próximos anos. O banco está diversificando sua força de trabalho de consultores, em termos de idade e raça, e organizando eventos para várias gerações de famílias ricas.
Cerca de 18 trilhões de dólares serão repassados às gerações mais jovens nos Estados Unidos nos próximos sete anos e até 84 trilhões nas próximas duas décadas, estima o UBS.
“Nos próximos 20 anos, veremos a maior transferência de riqueza da história”, disse Khan, que ingressou no UBS vindo do Credit Suisse em 2019. “Isso representa uma grande oportunidade para atendermos toda uma nova geração de clientes.”
(Com reportagem adicional de Paritosh Bansa)